O Estado de Mato Grosso, conforme de conhecimento público, possui um lamentável histórico de substituição do sistema financeiro formalmente constituído por outro, paralelo, composto, em via de regra, por empresas de fomento mercantil (factorings)”, diz trecho do relatório, que ressalta ainda que estas instituições atuam há vários anos beneficiando figurões da política no Estado.
“[Entre] as empresas de fomento mercantil existentes no Estado, há aquelas que, ao invés de se concentrarem em suas atividades regulares, de faturização, desenvolvem atividades à margem da lei, operando como verdadeiros bancos clandestinos ao captar, intermediar e/ou aplicar, custodiar e distribuir recursos de terceiros mediante cobrança de taxas de juros e exigência de garantias. Inclusive reais”, explica.
De acordo com o delegado, a prática “se tornou nacionalmente conhecida após a deflagração da operação Arca de Noé, nos idos de 2002, ocasião em que foram trazidos à luz detalhes das operações clandestinas levadas a cabo pela factoring comandada por Arcanjo”.
A prisão do bicheiro, no entanto, não interrompeu o sistema. A ex-esposa de Júnior Mendonça, colunista social Karina Nogueira, inclusive, confirmou que o empresário teria “herdado” o dinheiro de Arcanjo na época de sua prisão, há dez anos.
“Ao longo da presente investigação, mediante diversas diligências realizadas, incluindo técnicas especiais de investigação, obtiveram-se informações/elementos de prova de que este cenário persiste, consubstanciado na atuação ilegal, não só de factorings, mas de outras empresas, operando como se instituições financeiras fossem”, relata o delegado em trecho do inquérito.
As investigações referentes à operação Ararath tiveram início a partir de notícia-crime relacionada à operação clandestina de instituição financeira desempenhada por Júnior Mendonça, então à frente da factoring Globo Fomento Mercantil Ltda. e da rede de postos de combustíveis Comercial Amazônia Petróleo.
“Além da execução de atividades típicas de instituições financeiras - a exemplo da realização de empréstimos e cobrança de juros, destoando da atividade de fomento ostentada como fachada -, Gércio Marcelino Mendonça Júnior estaria lavando dinheiro, com auxílio e/ou usando nomes de familiares próximos e pessoas jurídicas constituídas em nome deles”.
Conforme as investigações, tal atuação revela-se extremamente lesiva, tendo em vista as vultosas somas que tramitam à margem do sistema financeiro oficial, afetando a ordem econômica e financeira (em sentido lato) e prejudicando, inclusive, outras empresas de fomento que estejam agindo dentro da legalidade e bancos
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